DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA
O elevado endividamento brasileiro impede a
resolução dos principais problemas sociais, visto que o país destina a maior
parte de sua riqueza para o pagamento de juros e amortizações da dívida.
No ano de 2000, foi
realizado um plebiscito sobre a dívida externa brasileira, no qual 6 milhões de
brasileiros votaram e mais de 95% destes foram contra a continuidade do
pagamento dessa dívida, sem a realização de uma auditoria prevista na
Constituição Federal. Diante desse contexto, foi elaborado um texto, denominado
“ABC da Dívida” pelas entidades participantes da Campanha Auditoria Cidadã da
Dívida.
A dívida externa e interna, pelos estudos já
elaborados no Brasil através da Auditoria Cidadã, é IMORAL, ILEGÍTIMA, ILEGAL,
INJUSTA E INSUSTENTÁVEL ETICA, JURÍDICA E POLITICAMENTE. Foi constituída sem
consultar a sociedade e fora dos marcos legais vigentes, não favorece o
desenvolvimento sustentável, prejudica a maioria da população, viola os
direitos sociais e humanos e torna vulnerável a soberania nacional.
A dívida é imoral porque gera pobreza
e miséria, aumenta as desigualdades, ameaça e destrói vidas. A dívida exclui e
mata. É o grito dos excluídos da vida. A dívida atinge antes de tudo os mais
pobres, que sofrem sem ter nenhuma responsabilidade.
A dívida é ilegítima porque juros
exorbitantes foram estabelecidos unilateralmente pelos credores. As negociações
entre credores e devedores são sempre desiguais. Nos anos 80, juros abusivos,
definidos pela administração Reagan, fizeram explodir a dívida externa e
criaram imposições que pesam até hoje.
A dívida é ilegítima também por falta
de transparência. Os empréstimos que afetam muito a vida do povo são feitos sem
consulta nenhuma à população. Ao contrário do que exige a Constituição (uma
auditoria pública), o país não tem informação clara sobre um fator determinante
de seu futuro. É ilegítima, ainda, porque grande parte da dívida privada
externa foi transformada em dívida pública. Para suportar e promover a atuação
internacional de empresas brasileiras, o governo pagou (e continua pagando)
parte da dívida delas, incrementando assim sua própria dívida pública interna.
Para atrair dólares para pagar parte da dívida externa privada e sua própria
dívida externa e interna, o governo teve de estabelecer taxas de juros muito
altas, que consequentemente aumentaram a dívida.
Além de imoral e ilegítima, a dívida é
ilegal, visto que contratos fraudulentos foram (e continuam sendo) firmados sem
consulta aos parlamentares, mesmo quando a lei exige a aprovação do Parlamento
antes da assinatura de um acordo. Por todas estas razões, e outras, é
necessário questionar: É justo exigir o pagamento da dívida ou pagá-la ao custo
da vida do povo ou da soberania do país? Muitos setores da sociedade lutam
contra o que consideram ser uma dívida imoral, ilegítima e ilegal, e por uma
redefinição radical dos processos de endividamento que ajude a superar a crise.
A dívida é insustentável, um fardo
insuportável para os pobres. Apesar de ser paga, a dívida aumenta. Poucos
países conseguem libertar-se dela. É um elemento central de um sistema
excludente. Bloqueia o desenvolvimento social, acaba com os poucos recursos
disponíveis nos países pobres.
A dívida pública é o
tumor maligno do povo brasileiro. É o principal responsável pela falta de
recursos na educação, na saúde, na segurança pública e em outros setores muito
mais importante do que essa tal dívida pública. É um recurso destinado pelos
governos – federal, estaduais e municipais - que não gera emprego; não gera
renda e não gera tributos. Somente gera rendimento (juros) para os banqueiros,
os quais são os principais credores da dívida maligna.
A dívida pública é o
principal representante da corrupção brasileira, principalmente, pelo fato de
não passar por um processo de auditoria desde 1931. Ademais, os presidentes
eleitos, após a promulgação da atual Constituição, não tiveram a coragem de
implementar um processo de auditoria, o qual tem previsão constitucional, visto
que os mesmos tem relações intrínsecas com os credores da Dívida Pública.
Quando se fala em
dívida pública, o Tribunal de Contas da União é tão cego quanto é a Justiça
Brasileira. Quem paga essa grande farra, denominada Dívida Pública? Tenham a
plena certeza que o nosso dinheiro é muito mal aplicado. É premente a realização de uma auditoria da Dívida Pública, bem como a
suspensão imediata da mesma, visto que a não realização desta e a continuação
do pagamento dessa dívida ilegítima penaliza áreas vitais para a nossa
população, como: EDUCAÇÃO, SAÚDE, SEGURANÇA PÚBLICA, SANEAMENTO BÁSICO...
É necessário rever a
política monetária e fiscal, o modelo econômico que está propiciando a
destinação da maior parte dos recursos públicos para o pagamento de uma dívida
cuja contrapartida não representa bens e serviços à nação, mas uma contínua
sangria dos cofres públicos.
LUCIANO S. B. SOUZA
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